Nesta edição extra do Mapa Mental:
– Podcast na boca do povo
– A vez da voz
– Streaming local
– Fake news em loop
– Cantinho das redes sociais
– Fim dos impressos e a aposta no digital
– #VazaJato impacta, mas não influencia
Podcast na boca do povo
A novela das 7 da Globo, Bom Sucesso, termina com uma chamada quase de meia tela, para que os telespectadores ouça o podcast sobre livros apresentado pelo ator Antônio Fagundes. Só essa frase já serviria de resumo do que aconteceu com o formato podcast em 2019: abriu caminho para se tornar um tipo de conteúdo popular.
“Era de ouro” ou “o ano do podcast” foram expressões comuns nas manchetes. A entrada com tudo da Globo e do UOL (com Folha) ajudou a colocar o podcast em outro patamar. Ou simplesmente realçou qualidades do formato que muitos podcasters e ouvidos mais atentos já conheciam.
De tudo o que aconteceu no digital em 2019, a maior facilidade para produzir e publicar podcasts merece todo o destaque. Quem quis, criou seu programa, colocou seus episódios nos principais tocadores e agregadores. Foi o meu caso com o agente POD, com seus primeiros quatro episódios, os investimentos em equipamentos e formação (produção de áudio) e a abertura de oportunidades de produzir podcasts para clientes.
Compartilhei minha jornada com a série Criando Podcast e, se ainda não ouviu, o episódio 4 do agente POD é uma conversa minha com meu amigo Gastão Cassel sobre o que ouvimos e vivenciados sobre podcast em 2019 e o que projetamos para 2020.
Disponível nos tocadores Anchor.fm, Spotify, Google Podcasts, Breaker e Radio Public.
A vez da voz
2019 foi o ano da voz. Não só por causa dos podcasts, mas também por causa dos assistentes virtuais como a Alexa, da Amazon, e o aumento nas busca por voz no Google. Ou seja, a tendência é produzir mais conteúdo em voz, mas também aprender a produzir conteúdo (mesmo em texto) para responder mais buscas feitas por voz (o RD Summit deste ano deu destaque para o tema).
Usar mais o campo de tags no momento de publicar posts é um dos caminhos a seguir, aproveitando o espaço para “espichar” a palavra-chave para responder o que se pergunta falando com o Google.
Streaming local
Serviços de streaming estão cada vez mais consolidados. O Netflix puxa a fila, a Globo está investindo no GloboPlay e o Prime Vídeo da Amazon entrou no mercado para valer com um pacote tentador (preço com serviços agregados, incluindo a plataforma on demand).
Mas destaco em 2019 o streaming local, representado pelo projeto Veg Esportes, com profissionais conhecidos da crônica esportiva de Florianópolis e que devolveram aos torcedores de Avaí e Figueirense a tradição da mesa redonda nos domingos à noite. Torço muito pelo projeto, capitaneado pelo jornalista José Henrique Koltermann, citado algumas vezes no Primeiro Digital.
Fake news em loop
Ano passado provoquei a turma com um post propondo discutir outros assuntos além das fake news. Teve gente que entendeu que estava defendendo não falar sobre notícias falsas, mas a ideia era não perder de foco outros temas importantes no conteúdo e no jornalismo digital. Mas em 2019, o inferno das fake news seguiu e parece estar em loop, sem expectativa de reduzir, muito menos acabar.
Parabéns para as agências de checagem e projetos como o Comprova pelo esforço contra toda a estrutura maléfica que cria e propaga mentiras e inflama uma audiência que prefere seguir cega, surda e louca.
E prova que continuei a falar de fake news em 2019, fui co-autor da letra da música do bloco Pauta que Pariu, dos jornalistas de Santa Catarina. Ouça no player abaixo.
Cantinho das redes sociais
Assim como no caso das fake news, a relação de amor e ódio com as redes sociais segue em loop. Em 2019, a grande controvérsia foi o fim da exibição pública do número de curtidas no Instagram, que manteve o Stories na linha de frente como a parte divertida dos negócios da família Facebook.
O Twitter vive as consequências do uso político e das ações de robôs para propagar notícias falsas e outras ações da chamada milícia digital. Estranho ver a rede que sempre preferi voltar a ter relevância, mas está cada vez mais tóxica.
Para 2020, estão apostando no TikTok (entrei para ver qual é, mas sai depois de uns dias; precisa de um mergulho mais profundo). Mas também já li que o ano que vem será do LinkedIn, e ainda tem o Pinterest mantendo seu perfil de ilha, atraindo nichos bem específicos e mantendo a civilidade e a qualidade do conteúdo. Pergunte para a Liliane Ferrari.
Fim dos impressos e a aposta no digital
O encerramento das edições impressas dos jornais da NSC Comunicação em Santa Catarina (Diário Catarinense, Santa e A Notícia), em outubro, causou impacto, mas não surpresa. Mesmo mantendo as marcas dos jornais nos respectivos sites, sob o guarda-chuva do portal NSC Total, e produzindo um revista no fim de semana, o ano termina com a sensação de que eles não existem mais. Ficaram invisíveis e – não duvido – já sumiram da lembrança do leitor. É tudo NSC Total.
Neste cenário, fica a expectativa para que a decisão de não ser multiplataforma e ficar só no digital tenha sido acertada. Que tenha conseguido manter a maior parte da base de assinantes e atraído novos leitores dispostos a pagar para acessar notícias e colunas do NSC Total.
#VazaJato impacta, mas não influencia
Em 2019, a #VazaJato, do site The Intercept Brasil, causou impacto ao revelar bastidores da operação Lava-Jato por meio de reportagens produzidas e contextualizadas a partir de diálogos comprometedores entre procuradores e juízes. A série animou quem andava saudoso por reportagens de fôlego.
Mas diferentes de outros momentos da história do Brasil, o ano termina sem que o impacto da #VazaJato influencie em decisões como a punição para quem manipulou e atropelou procedimentos legais, por exemplo. No fim, o trabalho do Intercept foi um alento e, por enquanto, insuficiente para provocar mudanças.
Sobre a #VazaJato, ouça a entrevista exclusiva do editor do Intercept Brasil, Leandro Demori, concedida ao jornalista Gastão Cassel no projeto Extrema Imprensa. Ouça aqui.
Para 2020
#Compartilhe2020
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Mapa Mental é a coluna de notas e insights do Primeiro Digital. Sempre às terças uma nova edição.