Todos os dias minha neta, perto de completar seus 3 anos de idade, vai para a creche aqui em Florianópolis e sempre volta feliz e contente com o período que passa com a “profe” e as amiguinhas. Domingo passado mesmo, quando ela veio passar a tarde aqui na minha casa, perguntei como estava a creche e quais os nomes das amiguinhas. E ouvi um “tá muito legal”, seguido por uma lista de cinco nomes.
O trabalho feito na “creche da minha neta” é exemplar. Meu filho compartilha vídeos em que ela conta a música do boi de mamão – uma paixão que as professoras ajudam a tornar maior a cada dia – e também um relatório de atividades onde ficamos sabendo o que é e como é feito o trabalho com as crianças. E pelas fotos que acompanham os relatos, elas gostam muito do tempo que passam lá.
Por ser pai e avô, mas também por entender e vivenciar a importância da creche como espaço para o desenvolvimento e socialização da minha neta, é que a tragédia ocorrida em Blumenau na manhã desta quarta-feira (5) me deixa ainda mais triste e estarrecido.
Não há nada que possa justificar um crime de qualquer natureza, com qualquer pessoa e faixa etária, em qualquer circunstância ou ambiente. Mas quando vemos crianças serem mortas em um ambiente tão significativo para a vida delas, onde são dados os primeiros passos para sua convivência em sociedade, isso se torna ainda mais doloroso.
Porque parece que não saber conviver com outros seja o problema de quem comete ato tão cruel e também dos que passaram os últimos anos na defesa do uso de armas, sob o falso discurso da “liberdade individual”, inclusive prestando apoio – recebido com pompa – a candidatos, como ocorreu com o atual governador do estado.
E como era de se esperar, são os mesmos que estão nesta quarta-feira triste em suas redes sociais aproveitando a tragédia de Blumenau para seguir em seu discurso pró-armamento. Ou melhor, seu discurso de ódio e pró-violência.
Não há mais espaço para esse tipo de comportamento. Chega de achar que é com um revólver, um fuzil, uma faca ou um machado que se resolvem as coisas. Repito: independentemente de qual tenha sido a motivação do crime em Blumenau, as autoridades têm uma responsabilidade que vai além das notas de pesar. Precisam agir com maior rigor e firmeza e defender, acima de tudo, a civilidade, o respeito, a convivência em sociedade e a vida. Só assim, mortes como as de Blumenau, poderão ser evitadas. Espero que ainda dê tempo.