Sensação de esforço em vão

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Por ALEXANDRE GONÇALVES

A luta pela vida contra a Covid-19 tem na informação um dos seus principais pilares – se não o principal. Mas os números de casos e de mortes indicam que o esforço de bem informar tem sido vão.

Na pior pandemia dos últimos 100 anos temos no Brasil um governo federal genocida, negacionista e incompetente. E com alguns governadores e prefeitos que não ficam para atrás no pouco apreço pela ciência, pela vida e pelo foco em agir contra a propagação do coronavírus.

Não temos liderança nem exemplos a seguir. Mas temos também uma boa parte da população, com acesso à informação e a meios de prevenção, que não quer nem saber, nos dois sentidos:

Não quer saber por ser inconsequente, por não ligar e não importar nem consigo nem com os outros. 

Não quer saber por não ter interesse em se informar, em conhecer e aprender. 

Para essa parcela, que está aglomerando em baladas clandestinas e afins, tanto faz as tantas vezes que os números de mortes sejam divulgados na mídia. Ou que sejam repetidos os alertas sobre a necessidade real e perene de usar máscara e evitar aglomerações porque há uma colapso na rede hospitalar e “não tem UTI para sua mãeˮ.

Nem a macabra falta de oxigênio pareceu impactar nem sensibilizar as pessoas.

O jornalismo tem cumprido a missão que lhe cabe. Apesar do espaço dado para os “jornalistas do tipo Falsãoˮ e do absurdo anúncio pró-cloroquina, os veículos de um modo geral tem feito sua parte (derrubar o paywall e abrir o conteúdo sobre a pandemia, por exemplo, foi muito bem-vinda).

Mas estão falando para as paredes. Ou no máximo para suas bolhas. As mensagens continuas em informações essenciais no combate ao coronavírus parecem não penetrar nas mentes ocas dos desinteressados pela vida. Todos estão burros!, parafraseando Roberto Carlos.

Só não se informa quem não quer. E muita gente não quer (incluindo as que estão se infectado, transmitindo o vírus e impedindo que a curva de contaminados e mortos entre em queda).

Por isso, lamento, mas perdemos a batalha. As agências de checagem e ações como a do Sleeping Giants deram e ainda dão uma importante contribuição no combate das fake news e da desinformação durante toda a pandemia.

Mas, na prática, tem servido para trazer alívio para quem já os têm como aliados. Não rompem barreiras e não “convertem” os inconsequentes que estão do lado de fora da bolha da sensatez, infelizmente.

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