Em evento realizado em Curitiba na última quinta-feira (6), o GRPCom anunciou oficialmente as mudanças que irá fazer no jornal Gazeta do Povo, o mais importante do Paraná e um dos principais diários do país. Entre as mudanças, a mais radical: o fim da edição impressa com o foco no digital, principalmente no mobile. Não é a primeira vez que um jornal toma uma decisão deste tipo. Lá fora e aqui no Brasil jornais já encerraram suas versões impressas para ficar só na internet. Mas chama a atenção desta vez o fato de ser um jornal com as tradições da Gazeta.
A decisão do grupo, pela forma como estruturou o projeto, o coloca na vanguarda de um caminho que muitos outros jornais poderão vir a tomar num futuro muito breve. A Gazeta não está desistindo do leitor. Está mostrando uma compreensão na mudança de hábitos no consumo de informação.
Não é o caso de defender a “morte do impresso”. Ao contrário, convergência e multiplataforma ainda são palavras-chave neste cenário digital em que se busca um modelo ideal para os veículos tradicionais. Impresso e digital podem co-existir, mas é preciso compreender melhor como isso pode e deve ser feito.
Vendo este movimento ousado da Gazeta, lembrei das aulas que tive com o presidente do GRPCom, Guilherme Pereira, no Máster em Jornalismo Digital, do IICS / Universidade de Navarra, em 2014. Ele enfatizou bastante a questão de se observar as finalidades de cada veículo, de cada plataforma. Qual a finalidade do impresso? Qual a finalidade do digital?
A Gazeta parece estar dando o passo certo neste sentido. A edição diária do impresso será encerrada, mas haverá uma revista em papel todos os fins de semana com “conteúdo de fôlego”, agregando ao conteúdo que estará na plataforma digital.
O jornal espera ter a assinatura como fonte principal de receita, mais até que a publicidade. Na apresentação, ficou evidente que a força da marca, somada aos investimentos em tecnologia e ao posicionamento de sair na frente entre os grandes veículos, serão os motores dessa virada, que acontecerá no início de junho.
Até lá, todos de olho na Gazeta do Povo, especialmente outros veículos que ainda não sabem muito bem para onde seguir. Já é hora de achar um caminho, não?
Saiba mais sobre as mudanças na Gazeta do Povo.