O jornalismo hiperlocal na cobertura da pandemia do coronavírus

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Por ALEXANDRE GONÇALVES

O jornalismo tem prestado um relevante serviço na cobertura da pandemia do coronavírus. Ainda que seja alvo de ataques orquestrados que visam desacreditar veículos e jornalistas, há que se valorizar o conteúdo produzido tanto para a prevenção quanto para o contraponto a favor da ciência.

E não só os veículos nacionais têm feito um grande trabalho. Há que se destacar também o papel dos sites e jornais hiperlocais na divulgação de informações essenciais para suas comunidades. A relação de proximidade desses canais hiperlocais com o público, baseada em credibilidade e confiança, faz grande diferença num momento de crise na saúde pública como a que estamos vivenciando.

Por isso, pedi ao Andrei Paloschi, diretor de Jornalismo e Operações de O Município, de Brusque (SC), para  que compartilhasse com o Primeiro Digital como está sendo a cobertura da pandemia nas plataformas do grupo (site e jornal em Brusque e sites em Blumenau e Joinville).

Leia a seguir.

O Município na cobertura da pandemia

Por Andrei Paloschi, diretor de Jornalismo e Operações de O Município

O Grupo O Município, com jornais em Brusque, Blumenau e Joinville, intensificou a cobertura da crise do coronavírus no dia 16, segunda-feira, com foco nos reflexos locais. Desde então a audiência média diária triplicou e em alguns dias quadruplicou, de acordo com o Google Analytics. O número médio de notícias publicadas quadruplicou e o volume de publicações nas redes sociais cresceu 60%.

Nas redes sociais houve um crescimento significativo no número de seguidores; o envolvimento (compartilhamentos, comentários, reações) mais que dobrou; e mensagens privadas passaram a inundar as caixas de entrada diariamente. A maior parte dos contatos consiste em dúvidas em relação ao funcionamento de empresas e de denúncias sobre o não cumprimento do decreto estadual. Há muitas críticas aos governos também.

Pela primeira vez chegamos à conclusão de que não temos capacidade operacional de responder a todos com a devida atenção. Estamos alertando da limitação em mensagens publicadas nas redes sociais como forma de reduzir o impacto negativo dessa omissão com parte do público.

Ainda assim temos conseguido orientar muitos leitores, verificar acusações, atender a solicitações de pautas. Muitos agradecem, outros muitos criticam a falta de uma ou outra informação que julgam importante na clara ansiedade por explicações.

Para a equipe, a sensação é de fadiga, mesmo com o cumprimento da carga horária de costume. As coberturas de enchentes, para quem atua no Vale do Itajaí, são normalmente as experiências mais intensas para os jornalistas. Há limitação para transitar, escassez de informações, muitas dúvidas dos leitores, tensão.

Agora é possível dizer que estamos cobrindo uma enchente ao dia, com um problema a mais: não temos ideia de quando irá acabar. Por outro lado, a sensação de dever cumprido, de utilidade pública, é sensacional. Percebemos que o trabalho é, de fato, essencial.

Para tudo isso, a equipe precisou se adaptar ao home office. A mudança começou com alguns repórteres e se estendeu a todos em poucos dias. A comunicação é feita por meio de grupos de WhatsApp. Para melhorar o fluxo de trabalho, os horários foram alterados. No fim da semana retrasado foi necessário distribuir uma circular pedindo que os jornalistas que não tivessem em serviço “se desligassem” do assunto para preservar a saúde mental. Os efeitos do cansaço estavam evidentes.

Site: omunicipio.com.br/

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