sexta-feira, abril 19, 2024
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Neste dia triste, “que essa seja a última imagem dos nossos guerreiros”

Na semana passada, comecei a escrever um post aqui no blog para falar como os times de futebol estava usando de forma simples e eficiente seus canais de comunicação, principalmente os online, e gerando conteúdo que agrada em cheio seus torcedores. O exemplo do post era um vídeo da assessoria de imprensa do Avaí, mostrando a visita do jogador Marquinhos, ídolo do time, ao seo Luiz, torcedor avaiano, cego e que mora no asilo São Joaquim, de Florianópolis. É emocionante.

Deixei o post como rascunho para finalizá-lo mais tarde, o que acabei não fazendo. E aí chegou este dia 29 de novembro de 2016…

Acordei no susto. Por volta das 5h30min, minha esposa me chamou:

– A CBN tá dizendo que o avião da Chapecoense caiu.

Como assim caiu?, pensei. Pulei da cama, liguei a TV, busquei mais informações no rádio e passei a monitorar tweets e posts dos jornais de Santa Catarina – Diário Catarinense e Notícias do Dia -, de sites e portais de notícias e esportes e de veículos da Colômbia, especialmente da rede Caracol.

Quando se confirmou a tragédia, com o anúncio oficial da morte de jogadores, diretores, convidados e jornalistas, foi difícil de encarar o dia. Pelo fato em si, pela presença de ídolos como Cléber Santana (que fez história também no meu Avaí), pelos colegas jornalistas (conheci pessoalmente o Renan Agnolin, quando trabalhei no Grupo RIC,) e pela adrenalina, que mesmo não estando numa redação não dá para não deixar de sentir.

Até a metade do dia era só tristeza. Mas foi quando apareceu um post do Catraca Livre no Facebook para tornar o dia ainda pior.

catraca livre

Um conteúdo completamente inadequado, insensível, desrespeitoso numa tentativa de ganhar cliques. E pior que não ficou só neste post. Outros com temas igualmente fora de propósito já tinham sido postados, o que fez o público cobrar uma postura diferente do site.

Em resposta, o Catraca Livre disse querer fazer uma cobertura jornalísticas de diferentes ângulos e com aspectos “relevantes”. Não colou. As críticas continuaram ainda mais contundentes e no fim da tarde, uma nova manifestação do Catraca, desta vez assinada por seu criador, o jornalista Gilberto Dimenstein, apareceu no Facebook.

catraca livre

Como escrevi nas minhas redes sociais, parei de ler no “ganhei todos os prêmios possíveis”. Péssimo, péssimo, péssimo. Um pedido de desculpa que não é um pedido de desculpa. Um “mea culpa” difícil de engolir. Tão difícil que parei de pensar no Catraca Livre depois de ler esta estupidez (além do tom arrogante, ficou a sensação de se colocar como vítima…). E lembrei do post que estava no rascunho: o melhor conteúdo, aquele que emociona, está no canais de comunicação dos times de futebol, como este que a Chapecoense postou mais cedo:

– Que essa seja a última imagem dos nossos guerreiros.
#ForçaChape


Sobre o resultado desastroso da “cobertura” da Catraca Livre, leia a reportagem do AdNews (“Catraca Livre tropeça e perde milhares de seguidores”) e a análise feita pelas jornalistas Amanda Miranda e Lívia Vieira no site Objethos (“Catraca Livre e a fuga em massa da audiência: como não agir na cobertura de tragédia). Nos dois textos, como mostram os títulos, tratam do efeito imediato dos conteúdos do Catraca Livre sobre a tragédia da Chapecoense: o grande número de deslikes na página do Facebook, mesmo após o site ter deletado os conteúdos.

Alexandre Gonçalveshttp://www.primeirodigital.com.br/alexandregoncalves
Jornalista, especializado em produção e gestão de conteúdo digital (portais, sites, blogs, e-books, redes sociais e e-mails) e na criação e coordenação de produtos digitais, atuando no Jornalismo Digital e no Marketing de Conteúdo.
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