Na semana passada, comecei a escrever um post aqui no blog para falar como os times de futebol estava usando de forma simples e eficiente seus canais de comunicação, principalmente os online, e gerando conteúdo que agrada em cheio seus torcedores. O exemplo do post era um vídeo da assessoria de imprensa do Avaí, mostrando a visita do jogador Marquinhos, ídolo do time, ao seo Luiz, torcedor avaiano, cego e que mora no asilo São Joaquim, de Florianópolis. É emocionante.
Deixei o post como rascunho para finalizá-lo mais tarde, o que acabei não fazendo. E aí chegou este dia 29 de novembro de 2016…
Acordei no susto. Por volta das 5h30min, minha esposa me chamou:
– A CBN tá dizendo que o avião da Chapecoense caiu.
Como assim caiu?, pensei. Pulei da cama, liguei a TV, busquei mais informações no rádio e passei a monitorar tweets e posts dos jornais de Santa Catarina – Diário Catarinense e Notícias do Dia -, de sites e portais de notícias e esportes e de veículos da Colômbia, especialmente da rede Caracol.
Quando se confirmou a tragédia, com o anúncio oficial da morte de jogadores, diretores, convidados e jornalistas, foi difícil de encarar o dia. Pelo fato em si, pela presença de ídolos como Cléber Santana (que fez história também no meu Avaí), pelos colegas jornalistas (conheci pessoalmente o Renan Agnolin, quando trabalhei no Grupo RIC,) e pela adrenalina, que mesmo não estando numa redação não dá para não deixar de sentir.
Até a metade do dia era só tristeza. Mas foi quando apareceu um post do Catraca Livre no Facebook para tornar o dia ainda pior.
Um conteúdo completamente inadequado, insensível, desrespeitoso numa tentativa de ganhar cliques. E pior que não ficou só neste post. Outros com temas igualmente fora de propósito já tinham sido postados, o que fez o público cobrar uma postura diferente do site.
Em resposta, o Catraca Livre disse querer fazer uma cobertura jornalísticas de diferentes ângulos e com aspectos “relevantes”. Não colou. As críticas continuaram ainda mais contundentes e no fim da tarde, uma nova manifestação do Catraca, desta vez assinada por seu criador, o jornalista Gilberto Dimenstein, apareceu no Facebook.
Como escrevi nas minhas redes sociais, parei de ler no “ganhei todos os prêmios possíveis”. Péssimo, péssimo, péssimo. Um pedido de desculpa que não é um pedido de desculpa. Um “mea culpa” difícil de engolir. Tão difícil que parei de pensar no Catraca Livre depois de ler esta estupidez (além do tom arrogante, ficou a sensação de se colocar como vítima…). E lembrei do post que estava no rascunho: o melhor conteúdo, aquele que emociona, está no canais de comunicação dos times de futebol, como este que a Chapecoense postou mais cedo:
– Que essa seja a última imagem dos nossos guerreiros.
#ForçaChape
Sobre o resultado desastroso da “cobertura” da Catraca Livre, leia a reportagem do AdNews (“Catraca Livre tropeça e perde milhares de seguidores”) e a análise feita pelas jornalistas Amanda Miranda e Lívia Vieira no site Objethos (“Catraca Livre e a fuga em massa da audiência: como não agir na cobertura de tragédia). Nos dois textos, como mostram os títulos, tratam do efeito imediato dos conteúdos do Catraca Livre sobre a tragédia da Chapecoense: o grande número de deslikes na página do Facebook, mesmo após o site ter deletado os conteúdos.