Depois de publicar o post sobre o fim da edição impressa do The Independent, no sábado, fiquei pensando em qual teria sido a reação da redação do jornal. Será que eles estavam acompanhando o desempenho das plataformas desde que passaram e não somente quando a direção tomou a decisão de ficar só no online? Sabiam como estava a audiência do site?
Além da experiência multiplataforma que tive no Grupo RIC, tenho atuado como consultor de projetos de remodelação de sites de jornais do interior de Santa Catarina e uma das queixas dos diretores destes veículos têm sido a dificuldade para o engajamento da redação com o online. Este é um problema cultural. Muitos colegas – de jornal e TV, principalmente – ainda não viraram a chave. No máximo, usam e nem sempre da melhor maneira, as redes sociais para adiantar conteúdos que poderiam estar nos sites. Mas ainda focam muito no seu “veículo de origem” na produção para o jornal de amanhã ou para a reportagem para TV que não funciona na internet.
Para romper esta barreira, acredito que seja necessário um trabalho formiguinha e teimoso para envolver toda a redação a partir da abertura de dados relevantes que mostrem que sim, vale a pena pensar multiplataforma. Não tem coisa pior do que ver um canal digital, com tanto potencial para levar o conteúdo do veículo mais longe, ampliar o alcance e amplificar a influência, ser tratado com desleixo, quase menosprezo – ainda.
Não resolve trocar as peças da redação e apostar somente em “nativos digitais”. Os mais jovens, como vemos muitas vezes, têm seu valor por, em tese, compreenderem melhor os tempos digitais que vivemos, mas falham na falta de vivência prática em diversos aspectos do trabalho jornalístico. E sobram erros e escolhas equivocadas em texto e edição.
Mantendo as equipes, com equilíbrio no perfil dos profissionais, seria importante montar uma estratégia que inclua alguns encontros, workshops, materiais educativos, mas principalmente o compartilhamento com frequência de dados que mostrem o valor da plataforma digital e despertem o interesse da equipe. Não faz sentido ficar apenas dizendo “vocês precisam participar”. Tem que justificar. E para isso, vamos aos números.
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