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Sem medo de textão no Twitter, mas…

Uma das principais características da trajetória do Twitter sempre foi a participação efetiva do público nos destinos do microblog desde o seu começo lá em 2006. E está até registrado na (ótima) biografia de Biz Stone, um dos fundadores do site, o quão decisivos foram os pitacos e as criações dos usuários/fãs na definição do modelo de sucesso do Twitter.

Muitas boas ideias que nasceram por obra do público emplacaram como o RT e o uso como ferramenta informativa e não mais só uma descrição boba dos fatos do dia a dia. Em paralelo, surgiram serviços fora do Twitter que tinha o site como parâmetro como o TweetChat, TwitCam, TwitPic, TwitBlog e TwitterLonger. Alguns foram incorporados pela “matriz”, outros como os dois últimos da lista, caíram no esquecimento.

Ou não?

O TwitterBlog e o TwitterLonger surgiram numa época pré-explosão do Facebook com a proposta de quebrar o limite dos 140 caracteres, a grande característica do Twitter desde o seu lançamento. Hoje, repercute nas redes sociais a notícia que está no site do New York Times dizendo que o próprio Twitter planeja liberar em breve a publicação de posts com mais de 140 caracteres. O limite para as DM, as mensagens privadas, já havia sido ampliado para 10 mil caracteres. Agora, fala-se que o post poderá ter os mesmos 10 mil ou até 5 mil caracteres.

O curioso nesta história é que a relação do Twitter com seus usuários já não é mesma dos primeiros anos. O site parece ser auto-suficiente na criação de funcionalidades como o insosso Moments e na tomada de decisões polêmicas como uma mudança na exibição de tweets na timeline dos usuários, adotando uma lógica parecida com a do Facebook, tão criticada.

Agora, ao querer quebrar não só uma regra, mas também seu grande diferencial, o Twitter parece ignorar justamente quem o ajudou a chegar onde chegou: seus usuários. A graça de usar o Twitter está no exercício diário de ser direto e conciso, dizer muito em poucas palavras. É este desafio que move seus usuários e fez a fama do site como ferramenta do jornalismo no breaking news, na cobertura de grandes eventos, no uso de conteúdo cidadão e na segunda tela.

Não será aumentando o limite de caracteres que um novo público irá aderir ao Twitter. Nem será assim que quem o trocou pelo Facebook fará o caminho de volta. Quem ainda usa o Twitter é quem gosta do microblog como ele é, “rede social moleque”. O Twitter deveria saber disso e optar justamente pelo caminho da instantaneidade, reforçando seu caráter de urgência, mirando mais no WhatsApp, no Instagram e até no Snapchat e menos no Facebook. Palavra de um fã de carteirinha do Twitter desde abril de 2007.

Leia a notícia publicada no New York Times.

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Alexandre Gonçalves

Jornalista, especializado em produção e gestão de conteúdo digital (portais, sites, blogs, e-books, redes sociais e e-mails) e na criação e coordenação de produtos digitais, atuando no Jornalismo Digital e no Marketing de Conteúdo.

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