O artigo “Gestão de produtos é o novo jornalismo”, publicado na série especial do NiemanLab sobre previsões para o jornalismo em 2016, abre o leque para um novo (ou nem tão novo) papel para o jornalista no ambiente digital. Assinado por Cindy Royal, professora da escola de jornalismo e comunicação de massa da Universidade do Texas, o artigo amplia o horizonte de duas formas, na minha visão.
Primeiro, por apontar um novo papel para jornalista além de produzir e editar conteúdo. E que passe também a pensar no produto como um todo, entender o porquê das coisas e trabalhar de forma associada com todas as pontas envolvidas (desenvolvimento, comercial e redação), além do relacionamento com o público.
E segundo, porque reafirma algo que enfatizei bastante para os alunos da pós-graduação em Jornalismo e Mídias Digitais do ISCOM: o jornalista precisa ter um controle maior do que pretende oferecer ao veículo – falo especificamente do meio digital, mas vale para todas as plataformas.
Não basta mais pensar apenas na pauta nem deixar de pensar nos resultados que o que quer fazer trarão para o veículo. E também só o interesse pessoal pelo tema não enche barriga, não paga a conta e não anima muito o veículo a seguir investindo.
É preciso vender o peixe completo com todos os aspectos do produto já incluídos de largada. Não custa apresentar a pauta junto com um pré-projeto com descrição clara do que pretende fazer e também um leque de possibilidades que sirvam de contribuição para o trabalho de editores, programadores, designers, gerentes comerciais e de marketing.
Pessoalmente, o artigo de Cindy é um estímulo, um reforço para o tipo de trabalho que aprendi a gostar de fazer e que tenho oferecido para clientes da minha empresa: atuar como gerente de produto e oferecer um menu que vá realmente além de escrever e publicar.
Analisar todos os aspectos do site; analisar a audiência além dos números de views; pensar e estabelecer formas de convergência entre múltiplas plataformas e estratégias de relacionamento e engajamento; definir melhores práticas para publicação, organização e distribuição de notícias; contratar e negociar com equipes e fornecedores; criar e propor formatos comerciais e modelos de remuneração… Enfim, o menu é extenso e é meu foco. Por isso mesmo vou torcer para que a previsão da Cindy se concretize e que o gerenciamento de produto ganhe espaço no mercado e também nas faculdades de jornalismo.