No dia 14 de janeiro deste ano, escrevi um post sobre o que considero uma “nova onda do Twitter” baseado na observação sobre o uso do microblog como canal de comunicação do presidente, da reativação de contas e da publicação de um thread atrás do outro por usuários e contas de veículos como Folha e Estadão.
Hoje, quase um mês depois, atestamos a relevância do Twitter no atual momento do Brasil, mas que é acompanhada de uma enorme ressaca pós-Carnaval representada na capa do jornal Metro e na charge do meu amigo Zé Dassilva, no Diário Catarinense. E você sabe o motivo, certo?
Não vou ficar chovendo no molhado sobre o episódio “golden shower” porque muita gente já tratou o assunto como deve ser tratado (Jânio de Freitas, Josias de Souza…).
Me interessa entender o que tudo isso representa para o Twitter. Ficou relevante mais uma vez, mas a que preço? Já foi motivo de piada no começo (“acordei…”, “tomei banho…”) até trocar a pergunta “o que estou fazendo” por “o que está acontecendo”. E agora é a plataforma da vez (papa-entulho, às vezes?) também para uma quantidade considerável de conteúdos desqualificados dos quais é difícil desviar enquanto se está deslizando pela timeline. O botão “desver”, assim como o “editar tweet”, ainda não foi implantado…
Serei um eterno fã do Twitter. São mais de dez anos usando e enxergando mais virtudes que defeitos, mesmo com os haters sempre marcando ponto e tomando blocks merecidos. Me parece que essa ressaca pós-Carnaval reforça a vocação do Twitter como rede de notícias com uso obrigatório por jornalistas (Mônica Bergamo que o diga!), ainda que seja obrigatório também um Engov antes, um Engov depois, já que estamos falando em ressaca; haja fígado!
Este caminho “jornalístico” não é novidade. É uma alternativa, um posicionamento para manter a rede em pé desde o surgimento e expansão de Facebook e Instagram. Mas agora também pode-se enxergar o Twitter como um game.
Às vezes é jogo de conquista de território, às vezes, de tiroteio puro. Ganha quem “piar” mais alto e hastear a #bandeira nos Trending Topics. É muito thread para cá, RTs com ou sem comentário para lá, e arrobas robôs mais ativas do que nunca para gerar (falsa) relevância.
No meio disso tudo, aquela onda de usar o Twitter como SAC 2.0, com interações engraçadinhas de perfis de lojas (como o “pinguim” da Ponto Frio) não faz mais o menor sentido por lá. É muito 2010, como registrei em reportagem que produzi para a revista Dirigente Lojista, publicada em maio daquele ano.
E duvido muito se vale a pena manter uma conta de empresa no Twitter, dentro de um plano de marketing digital, mesmo que seja para compartilhar links e ajudar no SEO. Até porque, quando a confusão é grande, sobra até para quem está quieto, sem dar um pio.
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