O Grupo Abril anunciou nesta terça-feira (2) uma ampla reestruturação em seu modelo de negócio com a venda e encerramento de revistas, demissões e criação de novas áreas que apontam ou pretendem apontar um novo rumo para a empresa. Ficou a sensação de que a última carroça está passando para o Grupo, que culpa o mercado pela crise enfrentada por suas publicações.
Do que foi publicado a respeito das decisões tomadas pela Abril, percebe-se uma compreensão – tardia talvez – de que o negócio da empresa não é plataforma, é conteúdo. Isso é reforçado pela criação de uma nova área, o Estúdio ABC (Abril Branded Content), para trabalhar com a produção de conteúdo para marcas.
Das mudanças anunciadas, chama a atenção o encerramento da versão impressa da Capricho, que passará a existir apenas no formato digital (assim como ocorreu com a Info no ano passado). Não há detalhes divulgados sobre o novo rumo da Capricho, mas é de se pensar sobre esta estratégia. Dizer que deixará de ser revista para existir apenas na internet soa como a solução mágica de todos os problemas. O público jovem está na internet. Mas será que perguntaram se o público ainda quer a Capricho?
O site é uma continuação da revista. Se a revista vai mal, que garantias a Abril tem que migrar é a coisa certa a fazer? Se estão chutando o pau da barraca, fazendo as mudanças mais radicais da história da editora, nas palavras de seu presidente, Alexandre Caldini, que mal há em encerrar de vez uma publicação com uma trajetória tão longa e consagrada no segmento e no formato de revista? Migrar para a internet me parece um remendo desnecessário. Desapegar, criar algo novo, seria mais justo com a marca Capricho.
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