“Conteúdo não pode ser grátis. Se a empresa paga o salário de seu funcionário, é preciso dar valor a esse trabalho. Ou seja, cobrar pelo conteúdo. Não a notícia que todos têm, commodity, mas aquela que marca a diferença, a análise, o gráfico, a opinião de qualidade, a reportagem. Quem ainda não montou uma estratégia de cobrança (um paywall freemium, por exemplo) está pedindo para quebrar”.
Este um dos passos – cobrança de conteúdo – indicados pelo consultor Eduardo Tessler, em artigo publicado no Meio & Mensagem, para os jornais enfrentarem a crise em 2019.
No artigo, o consultor que mantém o blog Mídia Mundo, diz que não precisa ter bola de cristal para prever que em 2019 empresas de mídia fecharão ou serão vendidas; jornais tradicionais deixarão de circular na versão impressa, ficando só no digital; e outros jornais adotarão a estratégia de manter apenas uma edição semanal no impresso.
Tessler, que recentemente prestou consultoria para o Grupo RIC envolvendo o novo projeto do Notícias do Dia no papel e no digital, afirma que por trás das dificuldades enfrentadas pelos veículos estão a falta de entendimento do negócio, a realidade da audiência e do mercado e, principalmente, a morosidade das empresas em reagir.
Neste cenário, o consultor também propõe uma mudança de atitude dos jornais em relação aos cortes na redação. “Se uma empresa de comunicação vende qualidade, como querer ser insubstituível ao se demitir os melhores profissionais?”, escreve. “Isso é como a melhor churrascaria de São Paulo retirar a picanha do rodízio. Não vai funcionar. É a economia burra, que só serve para matar o produto”.