sexta-feira, abril 19, 2024
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O jornalista como profissional da informação

Lá pelos anos 1999, 2000, eu já estava no mercado de trabalho, com dois empregos – revista de economia e negócios e assessoria de imprensa na área de educação – e isso estava me cansando não só pela dupla jornada, mas pela falta de perspectiva profissional. Resolvi ir estudar marketing, pensando em ampliar o horizonte fora do jornalismo. Encontrei um curso numa faculdade aqui da região e me inscrevi. Aulas aos sábados durante quase 2 anos. Marketing digital? Não, “marketing de raiz”, Kotler na veia.

Encontrei uma turma eclética. Dono de posto de gasolina, de fábrica de batata palha, gerente de banco, vendedor de TV por assinatura, representante da indústria farmacêutica…e eu, jornalista. Como estava habituado com muitos dos temas por causa do meu trabalho na revista, estava curtindo. Já tinha lido muito sobre o assunto para pautar, editar e produzir reportagens, além de usar muitos conceitos de marketing para pensar produtos e até bolar capas e edições especiais.

Esse meu pré-envolvimento com o tema, ao contrário dos outros 24 colegas da turma, me deu um clique: precisa de informação para fazer marketing, né? Pra fazer benchmarking, preparar plano com análise de macroambiente…

E quem pode coletar e formatar informação, transformar dados em informação relevante? O Chapolin Colorado? Penry o humilde faxineiro? Ou o jornalista que passou bons quatro anos ralando na faculdade e mais uns anos ralando em dobro no mercado de trabalho? A resposta vocês sabem.

Desse clique, comecei um desafio: comecei a compartilhar via e-mail alguns dos muitos releases que recebia diariamente e que tratavam de temas relacionados ao marketing. Nascia o “Alex Informa”, que foi meu primeiro produto digital de fato. Começou com os 24 colegas do curso “inscritos” e terminou em 2001, 2002 com quase 500 pessoas que PEDIRAM pra receber. Eram outros tempos (duas palavras: internet discada!). Fazia tudo na mão. Fui estudar formatos de newsletter. E a versão “só release” durou umas cinco edições. As seguintes foram todas com organização, em texto, mas com cabeçalho, separação de seções, seções como frases, dicas de livros e de filmes, e entrevistas, muitas entrevistas com nomes relevantes da época que topavam dedicar uns minutos da vida deles para responder minhas perguntas.

Essa vivência com o marketing não me tirou do jornalismo, como conta a história 😉 Mas me deixou muito mais confiante sobre que oportunidades profissionais eu posso buscar sabendo o que sei sobre jornalismo. Já disse isso, desde os tempos de Orkut (e está até no livro do Maurício Oliveira) que somos – todos nós – profissionais da informação e isso tem um uso amplo, maior que o ambiente das redações e das assessorias de imprensa tradicionais. Captei isso na convivência com os colegas lá do curso de marketing e desde que me tornei “jornalista por conta própria” oficialmente em 2010 quando abri a #agenteinforma pra produzir e gerenciar conteúdo para internet tem sido esse o meu propósito.

Aliás, não está registrado em cartório, mas está sempre à mão para refrescar a memória:

A minha declaração de propósito é produzir conteúdo,desenvolver ideias e oferecer soluções em comunicação e jornalismo.

Escrevo tudo isso depois de passar dois dias na edição 2016 do RD Summit, evento da Resultados Digitais, que teve mais de 5 mil participantes interessados em temas relacionados a marketing digital. Foi a primeira edição que participei. E num paralelo com o “Alex Informa”, além de ouvir muitos palestrantes falando sobre envio de e-mail, participar do evento reforça a minha decisão de investir cada vez mais nesse segmento, graças aos parceiros Vocali, Infomídia e Dialetto nos últimos meses tenho produzido muito posts e e-books para variados clientes, temas e públicos.

Mas acompanhar o RD também formaliza o que penso sobre o jornalista como profissional da informação a serviço do marketing de conteúdo e suas vertentes, principalmente o inbound marketing. Tinha jornalista no palco e na plateia e muito do que se falou nas palestras sobre conteúdo, por exemplo, estão no “DNA” dos jornalistas – e nem precisa de microscópio para perceber. Mas não é chegar e sentar na janelinha. Não dá para fazer disso um bico ou uma aventura. A dinâmica do trabalho pede conhecimentos a mais no que se refere à entrega final do que é produzido (a cereja do bolo). E não é só estudar. É estudar, pensar, analisar, testar, refletir, escrever, propor, criar, instigar… Topa?

Alexandre Gonçalveshttp://www.primeirodigital.com.br/alexandregoncalves
Jornalista, especializado em produção e gestão de conteúdo digital (portais, sites, blogs, e-books, redes sociais e e-mails) e na criação e coordenação de produtos digitais, atuando no Jornalismo Digital e no Marketing de Conteúdo.
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